¬ E então? Até que ponto um papel vale mais que a saúde de uma pessoa?
Dessa vez, pra marcar minha volta ao blog, eu estava pronto pra escrever algo sobre meus dias - nada fáceis - no hospital. Então me concentrei em tudo o que aconteceu antes de minha cirurgia ser confirmada. Lembrei do desespero que foi estar no hospital e esperar quase quatro horas por uma liberação de quarto para ser internado... também dos "passeios" usando cadeira de rodas porque já tinha muita dificuldade para andar... aliás, lembro muito bem de tudo que passou pela minha cabeça quando percebi que não conseguia "segurar" a bexiga nem por quinze minutos. Sério, eu passei por tudo isso. Eu sei como é.
Foi todo um dia nessa correria para conseguir logo um quarto e poder descansar. Eu e meus pais demos entrada no Pronto-Socorro às sete da manhã, mas só conseguimos um quarto aproximadamente doze horas depois. Bastante tempo para um rapaz com duas hérnias de disco extrusas ficar andando por aí... mas, felizmente, tudo se resolveu e pude me acomodar. E, ainda com tudo isso, algo mais me marcou: um papel não preenchido. Sim, uma mera burocracia era o que não me deixava entrar em um quarto para descansar um pouco. Eu tinha um cômodo pronto, limpo (e sabia disso), mas não podia entrar.
É certo que queremos hospitais organizados, com tudo devidamente esquematizado. Mas custa me deixar no quarto enquanto os responsáveis correm atrás de toda aquela papelada e dos documentos? Digo isso porque não foi nada fácil sair correndo para vários lugares - aquele famoso vai-e-vem que alguns atendentes devem ter prazer em nos ver fazendo - sem precisar! É triste ver pessoas e seus prontuários com a palavra "urgente" tendo que descer, subir escadas, ir e voltar pelos corredores à procura de um... carimbo.
A burocracia ajuda, organiza. Mas eu não precisava ter passado por toda aquela loucura. E aquela moça, Josete da Silva? Era preciso ela ter dado à luz em uma sala de espera, sentada em uma cadeira de madeira, apenas porque esqueceu o RG? E olha que "a maior barreira encontrada pelo Hospital com a falta da identificação pessoal é a expedição da certidão de óbito" (http://tinyurl.com/atendimento-sem-ident). Exemplos mil para a mesma triste história: um papel ou um documento se tornando mais importante que a saúde e integridade de uma pessoa.
Você aguenta ouvir a verdade?
Postado por
Samuka Justino
5 comentários:
Negócio complicado mesmo. Mas pelo menos deu tudo certo, graças a Deus. =D
... no seu caso, né. Em muitos outros isso pode não ser assim tão fácil.
Deprimente.
Sim essa palhaçada de papelada é o que mais mata no brasil =D...mas eu sei como é passei pela burocracia de hospital mais do que gostaria...ah e citando o caso do parto, ela ao contrario do que foi divulgado não estava em um banco de madeira sem asssistencia e sim em uma poltrona reclinavel(o que não muda muito o fato) esperando leito caso contrario como foi dito, se ela estivesse sem o Rg não poderia nem ter sido pulsionada e estar tomando soro!
Oi Sam
Olha, vou ser sincera com vc. Eu já estive dos dois lados da burocracia. Há cerca de 3 anos atrás precisei ser operada da vesícula e tbm tive problemas com internação. Em contra-partida, já trabalhei em laboratório médico na parte de burocratica.
O que ocorre com os planos de saúde é que tudo que vc usar é cobrado. E por sua vez, tudo é necessário a documentação muito específica para o pagamento de tal utilização.
Cada detalhe que vc usa, tem que ser especificado e documentado de forma muito correta, senão não há o pagamento da mesma (a chamada "glosa"). No seu caso, por exemplo, por mais que o seu quarto estava disponível para o seu uso, já que os setores são independentes, se a documentação não estive conforme a especificação do plano de saúde, o tempo que vc estaria utilizando não seria pago ao hospital. Sendo assim, este "tempo" seria cobrado diretamente a vc. Por isso que - quem pode - acaba fazendo tudo pelo particular, pois é só ir lá e pagar e pronto.
Entendo a sua irritação e toda a sua revolta, mas a gente só pode realmente acusar quando se conhece todo o sistema. Não estou tirando a culpa de ninguém, pois sei que tem muita gente que realmente faz muita coisa pra não ajudar mesmo - como ví várias colegas fazerem isso (dificultar ao invés de ajudar), mas tbm sei sobre a parte burocrática dos planos. Isso é - nada mais, nada menos - que efeito dominó, só que nós somos a última peça!
Beijokas e boa recuperação!
Send...
eu sei bem que a burocracia é necessária. Mas eu questiono o deslocamento e o tempo, principalemnte. Eu fiquei andando por muitos lugares... elevadores, escadas, rampas e tdo mais hehe mesmo todos sabendo que eu já tinha pra onde ir. Eu recebi alimentação por conta do hospital antes dos documentos estarem preenchidos. almoço, chá da tarde, janta... tudo "na faixa". O que eu não entendi lá era por que eu podia ficar em várias salas diferentes e tomando medicações, mas não poderia parar em um local definido. O convênio já havia liberado tudo que era necessário para minha operação, mas por questão de assinatura (ou sei lá) um quarto não estava disponível. Mas era certo que eu iria pra lá de qualquer jeito!! Então pensassem em mim um pouquinho e me colocassem em uma cama, pq eu estava muito mal. E já que era só questão de tempo... pq não a cama do quarto? hehe
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