De certo sinto que Deus conversa comigo enquanto durmo. Dessa vez, Ele me contou uma história muito confortante, de paz, me lembrando que não devo ter medo do que há por vir, seja o que for. Mais uma vez acordei com uma força de espírito enorme, completamente renovado.
Venho aqui lhe contar o que Deus quis me dizer, trazendo assim forças necessárias para superar as tantas adversidades, e me ensinando a lidar com a Dor Maior.
I - O início, o fim.
Caos. Minha família, nós quatro, em meio à desordem. Estávamos em nossa casa, um lugar de total conforto, mas situada numa rua em total desespero. Um céu alaranjado, cortado por bombas e mísseis. Muitas casas em chamas, pessoas correndo por todos os lados, desespero sem fim. Assim estava tudo à nossa volta, mas dentro de nossa residência uma certa tranquilidade pairava sobre nós. Então veio aquele sentimento; algo como um tsunami engolindo a ilha de nossos pensamentos.
-Certamente chegou a hora - disse eu, sem ouvir respostas -. Vamos?
Todos aceitam sem remorsos ou medo. Naquele instante todos sabíamos que nossa hora chegara. Não havia luta, apenas uma pequena vontade de continuar aqui, talvez para fazer algo que não fizéramos antes.
Ignorando a situação de nossa rua, seguimos confiantes em direção a uma espécie de loja, um pouco mais distante daquele caos perto de nossa casa. No caminho encontrei um amigo meu, companheiro de infância , que nos seguiu até o destino previsto (de fato ele também seguia naquela direção e com a mesma certeza que nós tínhamos). E fomos, em silêncio, até o destino.
Uma porta enorme, larga, parecendo um grande depósito, estava finalmente à nossa frente. No fundo, em uma espécie de recepção, havia um homem simples, em pé atrás de um balcão comprido. Ele estava escrevendo algo em uma folha branca, mas não dava pra saber exatamente o que era.
II - A mudança
-Finalmente! Eu estava esperando por vocês - disse o homem, sem nenhum sinal de repreensão ou nervosismo -. Por favor, me sigam até lá - sorrindo, ele aponta a uma porta, à nossa direita.
Ao abrir a porta, notamos que estávamos em uma espécie de elevador, pequeno, com um espelho ao fundo. Enfim nós cinco entramos lá. O homem se despediu e fechou a porta, sem alardes. Logo em seguida olhei para o espelho atrás de nós e notei que todos estavam tranquilos, mesmo sem saber como as coisas aconteceriam.
Alguns instantes depois, a porta se abriu. Não sentimos o "elevador" subir ou descer, apenas vimos a porta se fechar e depois abrir, sem que nada aparentemente acontecesse. Mas agora estávamos entrando em uma sala meio escura, iluminada apenas por porta aberta, nos mostrando a noite. Nós estávamos saindo de uma sala sem nada. Não havia janelas, móveis, luzes... apenas uma porta aberta logo à nossa frente. Instintivamente fomos andando, cautelosos, até aquela saída.
Ao sair, vimos um céu estrelado, com uma lua cheia que parecia nos vigiar. Apreciando o momento, respondíamos à lua com o mais puro sorriso. Alguns intantes depois, ouvimos uma voz feminina, doce como o mel e suave como a brisa da tarde, nos dizendo o que fazer.
-Sejam bem-vindos! Adoro o sorriso de vocês. Agora procurem suas cabines, e então lhes direi mais.
Após ver o céu, nós abaixamos nossas cabeças e passamos a ver onde estávamos. Era uma outra rua, imensa, cheia de pessoas. Algumas andando, outras correndo com pressa, e várias cabines ao longo das calçadas. Havia muitas casas. Grandes, pequenas, luxuosas, simples, todas compondo aquele belo cenário noturno. Fomos então à procura de nossas cabines.
III - A viagem
Cada cabine tinha espaço para duas pessoas, aproximadamente. Tinha a forma de um guarda-roupa, com uma porta frontal, escura por dentro. Lá nos despedimos. Sem tristezas, disse adeus ao meu pai, dando-lhe um forte abraço. Logo depois, despedi-me de todos os outros familiares, já que cada um seguiria um caminho diferente a partir daquele momento. Fui diretamente à minha cabine, à esquerda, distante. Por alguma razão todos sabiam onde ir, mesmo todas as cabines sendo absolutamente iguais: pretas, altas e dispostas como cabines telefônicas ao longo da rua.
Quando entrei em minha cabine, meu amigo que nos acompanhava pediu para entrar também, já que ele não encontrava a sua. Tentamos, mas não deu. Quando nós entramos, foi como se uma regra estivesse sendo quebrada, portanto nada acontecia. Assim, ele saiu. Mas felizmente encontrou seu lugar logo depois. Desta forma, todas as cabines se fecharam, e aquela doce voz foi por todos mais uma vez ouvida.
- Agora que estão nos lugares corretos, seguiremos viagem. Suas cabines levemente se inclinarão, e começarão a se mover, seguindo um fluxo.
Eu, ali, sozinho, estava tranquilo. Ouvia aquela voz acalmante me envolver de uma forma tão confortante que eu fechei os olhos e sorri levemente, sentindo uma enorme paz.
[continua em "Quimeras(2)"]
Você aguenta ouvir a verdade?
Postado por
Samuka Justino
3 comentários:
Caraca, velho... isso é muito bom!!
Abraços..
Pelo jeito faz um tempo que você postou, só li agora..fiquei impressionada.
A mensagem nós já conhecemos, é linda e é sempre bom relembrar.
O sonho, além de muito bem descrito, também chamou muito a atenção, ele faz sentido o.O
hehe
Um dia eu conto os sonhos que eu tenho, costumo me lembrar de poucas partes, e no fim não faz sentido nenhum, chega a ser cômico.
Quando estiver disponível novamente, volte a postar aqui, seus textos são muito bons.
Bjoo
Linda maneira de escrever! Amo vc sempre mas tb me orgulho muito de vc, menino! Agora estamos um pouco mais tranquilos, após a cirurgia, então posso dizer que quero ler o restante, tá?
Beijão da tia
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